domingo, 17 de julho de 2016

A AMANTE SECRETA







































Manuel Mar. “Poesia”

A AMANTE SECRETA

Anita era amante secreta do imperador,
E vivia no seu grande castelo apalaçado,
No meio dum bosque muito encantador,
Lá fechada às sete chaves pelo seu amor,
Sem permissão de sair para nenhum lado.

O imperador só a visitava quando podia,
E às vezes com grande tempo de demora,
Lá vivia com a sua dama de companhia,
Mas naquela solidão ela já imenso sofria,
Ficando à espera do amor a toda a hora.

O castelo era guardado por legionários,
E ela de lá não lhe era permitido saídas,
Mas ela lá escrevia tudo nos seus diários,
As mágoas que sofria e os seus calvários,
E todas as coisas que lhe eram proibidas.

Depois de tanto tempo nesse isolamento,
A Anita sentiu que estava muito doente,
Que mandou pedir auxilio ao regimento,
Precisava de um médico nesse momento,
Porque se estava a sentir quase demente.

Entretanto chegou de volta o imperador,
Que ficou todo assustado e muito aflito,
Mas ao velo, ela sentiu-se muito melhor,
Passaram-lhe todas as tonturas e a dor,
Porque o amor tem um balsamo bendito.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 17/07/2016

Foto: Net

A SORTE NO AMOR





































Manuel Mar. ”Poesia”

A Sorte no Amor!

Para que serve o desejo e a esperança,
Se o sentimento é de amor ou de ódio,
É vão o amor que nos faz o nó górdio,
Que nos trespassa a alma como lança.

Ter amor a quem afinal só nos detesta,
É só o andar de rojo aos pés de alguém,
Que nos trata apenas com seu desdém,
Julgando que somos sua melhor besta.

Quem tem a sorte de amar uma peste,
Torta, mentirosa: uma flor tão agreste,
Será pior que dar aos suínos confeitos.

Mas sorrindo, quem só andava traindo,
E tudo o que fazia era apenas fingindo,
Fugiu dizendo que ele só tinha defeitos.

Manuel Mar.
Torres Novas, 17/07/2016

Foto: Net

A VÃ E EFÉMERA GLÓRIA

 



Manuel Mar. ”Poesia”

A VÃ E EFÉMERA GLÓRIA!

O bom cidadão que orgulho manifesta,
Festejando sempre uma grande vitória,
Ignorando quão vã e efémera é a glória,
Logo faz com os seus amigos a sua festa.

A alegria com que o povo sai para a rua,
Parece mágica fantasia plena de desejos,
Que faz a todos abraçar e dar seus beijos,
É espontânea a forma como o povo actua.

Mesmo aqueles com clubite de partidário,
Que se zangaram na vitória do adversário,
Já são amigos após a vitória da sua Nação.

São ideais a ultrapassam a razão humana,
Ao convergirem na grande força mundana,
Mas quem perde saboreia o dano e solidão.

Manuel Mar.
Torres Novas, 17/07/2016

Foto: Net

O CASAL DA RIBEIRA





























Os Contos de Manuel Mar.

O CASAL DA RIBEIRA

Na minha aldeia, nos tempos antigos, era vulgar haver propriedades com casas de abrigo, que eram usadas para variados fins, todos ligados à agricultura.
Os meus avós também tinham casas desse tipo em propriedades que ficavam mais distantes do centro da aldeia.
Muitas histórias se contavam relacionadas com a vida desses tempos e das referidas casas de abrigo.
O meu avô paterno tinha uma propriedade denominada “A Ribeira” que tinha uma casa de habitação, e um grande palheiro, um poço com uma grande picota, uma grande horta, e cerca de 2 hectares e meio de terreno de oliveiras, figueiras, amendoeiras, pereiras, ameixieiras, vinha e outras árvores de frutos diversos.
Na casa de habitação viviam os patrões e as criadas duranta a semana e muitas vezes só aos Domingos é que iam passar o dia na aldeia.
O palheiro era destinado ao gado na parte debaixo, mas tinha um sótão grande onde guardavam a palha para sustentar os animais e um compartimento onde dormiam os homens trabalhadores à semana, de sol a sol, e os cridos quando os havia.
Os produtos produzidos eram guardados depois nas diversas instalações do meu avô na aldeia, onde tinha a adega, a casa da caldeira de destilar o figo, a tulha do figo seco, o forno de cozer o pão, os arcões para os cereais, as talhas do azeite, etc.
A casa do meu avô era vedada por uma cerca de 1 hectare,
e tinha um grande palheiro e 4 poços de água potável.
Fora da cerca tinha a casa do pessoal do rancho que todos os anos vinha fazer a colheita da azeitona.
Havia outras propriedades mais pequenas.
Nesse tempo, o que eu mais gostava, era da casa do rancho, que era um simples barracão bem situado no centro da aldeia com 3 divisões. No rés-do-chão havia uma grande lareira que servia de cozinha e onde se faziam as refeições do rancho e ao lado uma sala-quarto para o sexo feminino. Os homens dormiam todos no sótão.
Quando essa casa não estava ao serviço do rancho era ali que eu fazia muitas das brincadeiras de infância.
Mas aquando das partilhas a casa do rancho e todas demais casas e propriedades foram feitos 6 lotes e, depois no sorteio, a casa do rancho calhou ao meu tio Cândido, que há muito não vivia na aldeia.
Passado pouco tempo, feitas as escrituras, esse meu tio
vendeu  quase tudo e uma parte foi o meu pai que comprou, só não comprou a casa do rancho porque não
precisava realmente dela, e nesse tempo não havia fartura de dinheiro.
E assim acabou aquela casa do rancho que hoje é uma habitação, e nunca mais houve rancho da azeitona.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 5/05/2015  

Foto: Net

O BURRO MALFADADO


























Os Contos de Manuel Mar.


O BURRO MALFADADO


Era uma vez um homem criador de animais e que tinha um burrinho que saiu muito manso e que na sua terra ninguém o queria comprar.

O pobre homem um belo dia preparou o burro para ficar bonito e o levar feira para ver se conseguia arranjar um comprador. Quando viu que o burrito estava com boa apresentação, levou-o à feira,  indo à frente dele com a arreata na mão e uma varinha na outra mão para ir dando umas vergastadas no burro para não ter de puxar tanto por ele, porque além de manso era muito vagaroso.

Aconteceu que iam pelo mesmo caminho dois rapazes que eram estudantes, e quando viram o homem com o burro pela mão, pensaram e combinaram fazer uma partido ao pobre homem, esconderam-se e depois seguiram atrás deles.
Com o maior cuidado, um rapaz fez de burro e outro enfiou-lhe o cabresto do burro na cabeça, e assim ficou  a fazer de burro.
O pobre do homem, tão entregue aos seus pensamentos ia, que não deu por nada e continuou a levar o rapaz pela arreata pensado que levava o seu burro, enquanto o seu burro ficou para trás com o outro rapaz, que seguindo a uma boa distância, levou o burro verdadeiro à mão e soltou-o quando chegou ao mercado.

O estudante que tinha tomado o lugar do burro começou a ficar muito cansado e parou, fazendo que o homem também parasse. Ao olhar para trás, o pobre do homem ficou pasmado: No lugar do burro estava agora um rapaz. Procurando disfarçar a voz o rapaz diz com meiguice:
Ah! Meu senhor, quanto lhe agradeço por me ter dado uma vergastada na moleirinha! Assim quebrou o encanto com que uma velha bruxa me tinha transformado em burro.

Sem perceber o que se tinha passado, o homenzinho não parava de pedir desculpas ao rapaz por lhe ter batido tantas vezes porque o seu burro era muito teimoso e só queria estar parado.
Lá deixou o estudante ir à sua vida, lamentando a pouca sorte que teve ao ficar sem aquele burro.
Quando chegou à feira, começou a dar algumas voltas e logo reparou num burro lá estava e que era tal e qual o seu burro.

 Desconfiado, mirou e remirou o burro. Já não tinha dúvidas, aquele era o burro que não era burro e podia passar a ser rapaz de um momento para o outro. Aproximou-se mais do animal e disse-lhe baixinho:

 -Cá a mim tu não enganas mais nenhuma vez!
 Quem não te conhecer que te compre!

    E lá se foi à sua vida deixando abandonado o animal que tinha nascido malfadado e lazarento e, assim se fez lenda.

Manuel Mar.
®
Tores Novas, 31/05/2015
Foto: Net

CIDADE DE TORRES NOVAS - PARTE 2


A CIDADE DE TORRES NOVAS


ODE À VIDA
































Manuel Mar.”Poesia”

ODE À VIDA!

A minha alma revive de esperança,
Que no presente reflecte o passado,
Porventura sem sombra de pecado,
Porque viver é seguir em mudança.

Crescemos nós e ao lados dos filhos,
Superando os problemas desta vida,
Esquecendo de tanta dor já sofrida,
Sempre esquivando-nos de sarilhos.

A vida muda tanto constantemente,
Todos procuram viver mais e melhor,
Tanto os crentes como todos os ateus.

O vida muda e avança eternamente,
Mas a velhice é que nos dá vida pior,
O meu refúgio é na palavra de Deus.

Manuel Mar.
Torres Novas, 17/07/2016

Foto: Net

ODE À VIDA
































Manuel Mar.”Poesia”

ODE À VIDA!

A minha alma revive de esperança,
Que no presente reflecte o passado,
Porventura sem sombra de pecado,
Porque viver é seguir em mudança.

Crescemos nós e ao lados dos filhos,
Superando os problemas desta vida,
Esquecendo de tanta dor já sofrida,
Sempre esquivando-nos de sarilhos.

A vida muda tanto constantemente,
Todos procuram viver mais e melhor,
Tanto os crentes como todos os ateus.

O vida muda e avança eternamente,
Mas a velhice é que nos dá vida pior,
O meu refúgio é na palavra de Deus.

Manuel Mar.
Torres Novas, 17/07/2016

Foto: Net