Relicário de Manuel Mar
MORRI AO NASCER
Errei a porta da vida por instantes
Eu nasci todo feito em nado-morto
E já me tinha safado de um aborto
Fui repudiado para céus distantes.
Entreguei o meu corpo todo à terra
E a minha alma feita anjo quis voar
Mas como nem no céu pude entrar
Fiquei lá no purgatório só à espera.
Como morri sem ter sido baptizado
Voei sem ter lá o lugar assegurado
Só serei julgado na redenção final.
Aqui nem sei se estou mal ou bem
Está sempre a chegar mais alguém
Tanto trânsito já se torna anormal.
Manuel Mar.
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Torres Novas,8/08/2016
Foto: Net