terça-feira, 2 de agosto de 2016

A VOZ DO VENTO






























Relicário de Manuel Mar

A VOZ DO VENTO

Aprendi em menino a ouvir o vento
Que assobiava nas portas e janelas
Os moinhos eram meu entretimento
Aos quais o vento dava movimento
Pintados de cores sempre tão belas.

No Verão quando bom vento fazia
Lá na eira o agricultor ele ajudava
Ao malhar o trigo a palha desfazia
Que era atirada ao vento e lá caia
O trigo, só a palha o vento levava.

E no Inverno isso mesmo acontecia
Para separar a folha da azeitona
Naquele tempo, era como se fazia
Na colheita, o povo sentia alegria
E cantava, era gente brincalhona.

A casa do rancho que o avô tinha
Era um barracão bem preparado
Apenas se compunha de cozinha
E duas camaratas do outro lado
Homens e mulheres em separado.

Mas todas as noites havia o baile
Todo o rancho muito lá dançava
As mulheres usavam o seu xaile
Ouvindo o realejo que lá tocava
Só à meia-noite tudo se deitava.

Manuel Mar
®
Torres Novas,3/08/2016

 Foto: Net

O MEU AMOR É VIOLENTO

























Relicário de Manuel Mar

O MEU AMOR É VIOLENTO

O meu amor é violento e desumano
A sua paixão é beber nas tabernas
Os seus amigos são só os palermas
E trata-me mal durante todo o ano.

Ele com a crise perdeu o emprego
E começou a tratar-me muito mal
Perdeu o juízo, parece um animal
O que me faz viver cheia de medo.

A alegria perdeu-se vivo em pranto
Já rezei a Deus e pedi a meu santo
Porque não consigo mais aguentar!

Ele não muda, e eu vou-me embora
O meu destino marcou minha hora
E vou para longe mas vou emigrar!

Manuel Mar.
®
Torres Novas,2/08/2016
Foto: Net

AS LOUCURAS DA VIDA





























Relicário de Manuel Mar

AS LOUCURAS DA VIDA

As loucuras da vida são inevitáveis
São nódoas e caiem em todo o pano
Por ser fraco o juízo do ser humano
Todos os erros e loucuras são fáceis.

Mas os problemas causam dilemas
Que nunca são fáceis de se resolver
Os seres ficam presos e sem querer
Nem força para quebrar algemas.

As loucuras de amor são vulgares
Até muitas delas são crimes cruéis
Quer por ciúmes nas vidas difíceis
Quer por vinganças entre os pares.

E poucos desejam fazer casamento
Porque os divórcios querem evitar
Juntam-se para ver o que vai dar
Mas todos querem só divertimento.

As loucuras da vida não vão parar
Porque cada vez a vida anda pior
E a falta de bases da vida do amor
É a razão para este caos continuar.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 1/08/2016

Foto: Net

REGRESSOS DAS FÉRIAS


























Relicário de Manuel Mar.

O REGRESSO DAS FÉRIAS

O regresso das férias era inevitável
E fartos de raios solares escaldantes
Gozaram dias de prazer inolvidável
Mas a vida volta ao que era dantes
Regressam cansados mas regalados
Pelos dias que viveram encantados
Nessas lindas praias bem distantes.

Foram dias gozados na praia de dia
E durante a noite pelas esplanadas
Dias de encanto e noites de alegria
Passaram essas férias tão desejadas
São dias foram sempre formidáveis
Sem problemas e sempre agradáveis
Revendo amigos com boa simpatia.

E ao voltar ao trabalho novamente
Vê o seu trabalho muito acumulado
Tudo será recuperado e lentamente
Passados uns dias sente-se cansado
Mas o trabalho é muito importante
E a sua falta destruirá num instante
Toda e qualquer vida e seu passado.

Manuel Mar.
®
Torres Novas2/08/2016
Foto: Net


OS SEM-ABRIGO
























Relicário de Manuel Mar

OS SEM-ABRIGO

O Mundo está num caos vergonhoso
Onde vive imensa gente sem-abrigo
Este caso já tem um passado antigo
O que o torna bastante escandaloso!

Assusta-nos saber que passam fome
Perderam tudo, vivem desgraçados
Sem emprego recebem uns trocados
Quando nada se tem pouco se come!

Os sem-abrigo dormem já ao relento
Como animais que são abandonados
Só a caridade lhes dá alguns cuidados
Recebem na face as carícias do vento!

Já há quem viva apenas só por viver
E até sem pensar no seu próximo dia
Perderam tudo e já não tem alegria
Esperam apenas o seu dia de morrer.

Quem poderá resolver este problema
Que é já uma praga da humanidade
Pois não chega a ajuda por caridade
Mas o Estado terá de entrar em cena.

Porque essa gente está toda perdida
Mal vive, não chora e já nem implora
É a calamidade que ninguém ignora
É urgente dar-lhes uma sorte na vida.

Manuel Mar.
®

Torres Novas, 2/08/2016
Foto: Net

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

PASSARINHO NA GAIOLA































Relicário de Manuel Mar

PASSARINHO NA GAIOLA

O lindo passarinho preso na gaiola
Parece que esvoaça sempre a cantar
Mas a grade que sua liberdade viola
E que a sua vida tanto o desconsola
Não canta só chora privado de voar.

Mas nessa prisão longe da natureza
O passarinho vive triste tão isolado
Por ter perdido toda a sua riqueza
Que era sua boa e amada princesa
De quem por maldade foi separado.

Qualquer passarinho gosta de viver
Livre e gozando a vida em liberdade
Mas a gente sem pensar no seu sofrer
Gosta de fecha-lo na gaiola e ai o ter
E ouvi-lo cantar com tanta qualidade.

O pobre cantor vive ali bem tratado
Sempre privado só da sua liberdade
E fica gordo bem pesado e anafado
Mas sofre por estar ali bem fechado
Privado da natureza e com saudade.

Eu vivo hoje como o meu passarinho
Dentro da minha casa bem trancado
Porque eu já estou bastante velhinho
Já estou aqui sempre a viver sozinho
Mas nesta vida temos o fim marcado.

Manuel Mar
®
Torres Novas,1/08/2016

 Foto: Net

AS VERDADES




























Relicário de Manuel Mar

AS VERDADES

Nem tudo o que se diz é verdade
Quem fala diz o que lhe convém
As verdades não são de ninguém
Todas escondem a sua falsidade.

Somente Deus a verdade falará
Porque tem espírito omnisciente
O que é invulgar a toda a gente
Que sua duvidosa verdade dirá.

A verdade não é só o que se diz
Porque é muito o que se ignora
Fala-se com toda a simplicidade
Deixando escondida a sua raiz.

Cada qual tem a sua verdade
E todos a querem ter como sua
Mas a verdade ninguém vê nua
Se todos a vestem com falsidade.

A verdade humana é duvidosa
Alguém diz o que vê no espelho?
Idoso não aceita que está velho!
Mulher feia julga ser uma rosa!

A verdade do político já sabido
Encerra vulgarmente falsidade
Porque se ele fala com verdade
Acaba por perder o seu partido.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 1/08/2016

Foto: Net

domingo, 31 de julho de 2016

AO FOLHEARES...










































Relicário de Manuel Mar

AO FOLHEARES…

Ao folheares as minhas poesias
Meus versos só te fazem sonhar
Porque eles te forçam a desejar
Esse prazer de viver com alegria!

O amor aparece com o carinho
Que dedicas a ler o meu poema
Não é pela maravilha do tema
É por leres muito devagarinho.

O poema que agrada ao ouvido
Não contem palavras eloquentes
Há palavras que são as sementes
Que tornam tudo muito querido.

Todo o poeta é grande sonhador
E que até sonha ainda acordado
O fado tem o tom bem magoado
O poeta gera palavras com amor.

Mas isso faz do poeta um fingidor
Dada magia que faz nas palavras
Com elas mostra suas boas lavras
Como faz o apaixonado agricultor.

As palavras do poeta são macias
Mas nunca um vento forte as leva
Elas desfazem a mágoa e a treva
Dão ao coração perdidas alegrias!

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 1/08/2016

Foto: Net

OLVIDA MEUS VERSOS D'AMOR































Relicário de Manuel Mar

OLVIDA MEUS VERSOS D’AMOR

Olvida meus versos de amor ardente
Sonhados vivendo o grande bacanal
Envolto em cenas só de amor carnal
Que ao recordar se torna indecente!

São corrompidos esses meus versos
Esquece, e rasga-os completamente
Porque o teu doce amor tão inocente
Não atinará como eles são perversos.

Será melhor que sejam já queimados
Pois ao ficarem em pó transformados
Logo cairão apenas no esquecimento!

Ao falar desse sonho eu fui insensato
Só porque a ânsia do prazer imediato
Deveras me alterou o que eu lamento!

Manuel Mar.
®
Torres Novas,1/08/2016

Foto: Net

O DESGOSTO
































Manuel Mar. ”Poesia”

O DESGÔSTO

Tu eras para mim um bom amigo
Mas não aceitaste minha palavra
Era o que eu de ti nunca esperava
Porque estava enganado contigo!

Ao mostrares essa tua face oculta
Fiquei desiludido por essa atitude
Mas que teve para mim a virtude
De reagir de forma muito adulta.

Só a pensar que foi grande ofensa
Perdi por ti, toda a minha crença
Mas perdoarei depois de esquecer!

O desgosto com o amigo é penoso
Mas perdoar ofensas é tão custoso
Porque esse vexame nos faz sofrer!

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 31/07/2016

Foto: Net

sábado, 30 de julho de 2016

ATIREI O TEU NOME AO MAR
































Manuel Mar. ”Poesia”

ATIREI O TEU NOME AO MAR

Quando senti a esperança perdida
Na praia atirei o teu nome ao mar
Porque eu precisei de bem o lavar
De toda a sujidade da tua partida.

A tua vida para mim ficou morta
Lá nessa casa da Cova da Piedade
Também lá acabou a tua maldade
Que me deixou a vida muito torta.

Libertaste-me de ti e sem piedade
Só não acabou a vida de falsidade
Do modo como me tiraste os filhos.

Mas foi Deus de infinita bondade
Que sabendo toda a real verdade
Os conduziu para os meus trilhos.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 31/07/2016

Foto: Net

A VIDA ESTÁ DESCARADA







































Manuel Mar. “Poesia”

A VIDA ESTÁ DESCARADA

A vida dos outros é sempre muito boa
A nossa parece, uma vida desgraçada
O mal dos outros à gente não magoa
Porque o viver mal nunca se apregoa
E a vida só se mostra com cara lavada.

Mas a vida é descarada e bem fingida
Todos se mostram ser mais do que são
O que tem dinheiro só diz mal da vida
O que passa mal faz a vida escondida
Mas todos sabem bem e de cor a lição.

A vida faz desenganos e dá sofrimento
Mas toda a gente se disfarça como sabe
Porque há tanta falta de discernimento
Os ricos dizem passar mal no momento
Os pobres só desejam que o mês acabe.

Mas julgar que a vida dos outros é boa
É a coisa que hoje em dia se ouve dizer
Porque toda a gente já fala e apregoa
Que com tudo tão caro a bolsa se escoa
Que já nada de bom nos irá acontecer.

Manuel Mar.
®
Torres Novas,1/07/2016

 Foto: Net

A MINHA VOCAÇÃO



















Manuel Mar. ”Poesia”

A Minha Vocação!

Minha mãe quis fazer-me padre
Ela gostava com grande paixão
Passei anos a ouvir o seu sermão
Ela só pedia a Deus esse milagre.

Acabei por ir parar ao seminário
E só para lhe fazer a sua vontade
Porque com a minha pouca idade
Não pude fugir dum tal calvário.

Sei que não tinha ainda vocação
Mas por medo nunca disse o não.
O seminário custava a suportar!

Comecei a ser lá mal comportado
Só depois de dois anos lá fechado
Acabaram por ter de me expulsar.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 30/07/2016

Foto: Net

A FANTASIA DA VIDA































Manuel Mar. ”Poesia”

A FANTASIA DA VIDA

A fantasia da vida do ser humano
Pode parecer a alma de fantasma
Ou faz a sua vida só em marasma
Ou toma as atitudes de ser insano.

A sua filosofia é de pura fantasia
Pois anda sempre de cabeça no ar
E faz a sua vida sem nada se ralar
Para acabar a viver mal o seu dia.

A fantasia faz parte da nossa vida
Mas deve ser muito bem conduzida
Para não ser só ela a nos comandar!

Quando a vida se torna só fantasia
Vai acabar matando nossa alegria.
Para ser feliz é bom saber trabalhar!

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 30/07/2016

Foto: Net

MENTES IRRACIONAIS













Manuel Mar. ”Poesia”

MENTES IRRACIONAIS

O fenómeno é antigo mas regressou
Provavelmente carregou as baterias
Porque hoje são notícia todos os dias
Feito besta em diabo se transformou!

Essas mentes que promovem só o mal
Agora mais conhecido por terrorismo
E consideram como actos de heroísmo
Imolar-se para matar o inocente real.

Mas são tão covardes como assassinos
Às ordens de homens do diabo, felinos
Matam inocentes sem nenhuma razão.

Com o seu ódio a todo o nosso mundo
Assassinam com o seu espírito imundo
Mas em nome da sua diabólica nação.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 30/07/2016

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sexta-feira, 29 de julho de 2016

SONHO DE PAIXÃO









































Manuel Mar. ”Poesia”

SONHO DE PAIXÃO

Numa noite calma e sentimental
Serrei meus olhos já adormecidos
E desliguei-me dos meus sentidos
Esperando o meu sonho habitual.

O sonho de dormirmos abraçados
O que só nos meus sonhos consigo
E que nunca pude dormir contigo
Tais desejos não foram alcançados.

O meu amor por ti foi imaginado
Vivi a amar-te como o desterrado
Que se vê longe da pátria amada!

E embalo-me nesse sonho eterno
Mas como condenado ao inferno
Minha paixão foi por ti recusada.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 29/07/2016

Foto: Net