terça-feira, 12 de julho de 2016

A CARRADA DE MATO





























OS CONTOS DE MANFER
A CARRADA DE MATO
Tinha acabado há pouco a 2ª Grande Guerra, teria eu uns 7 ou 8 anos, e já fazia alguns trabalhos no campo, tais como: as regas das hortas, a apanha do figo, as vindimais, as mondas, etc.
      Desta vez, vou contar a minha ida á Charneca da Chamusca com uns boieiros para trazer uma carrada de mato encomendada pelo meu pai e para aprender como se fazia.
Na pequena casa agrícola de meu pai, nesse tempo, entre outras coisas, também havia sempre cabras, ovelhas, porcos, burros, etc. e o mato era preciso para as camas do gado e, assim fabricar o estrume para as propriedades agrícolas.
A viagem até á Chamusca levava mais de 3 horas a passo de boi, pelo que saímos da minha aldeia natal, os Soudos, um pouco antes do nascer do sol. Eu sentei-me ao lado do boieiro encima do carro e o ajudante seguia a pé á frente dos bois.
Quando chegámos á Charneca, depois de uma viagem muito dura para mim, já lá estava o meu pai que tinha ido de bicicleta para comprar e pagar o mato ao roçador.
 O mato levou muito tempo a carregar ao boieiro e seu ajudante, pois eu não podia com aquelas grandes paveias de mato.
Eu já conhecia, Tomar, Torres Novas, Entroncamento, etc. mas naquele dia, fiquei a conhecer também a Golegã e a Chamusca.
      A meio da tarde ficou o carro bem carregado e iniciámos a viagem de regresso e eu lá me ajeitei na rede do carro, dormi uma soneca, enquanto o boieiro e o ajudante seguiam á frente dos bois a dirigi-los.
      Quando aquela romaria do carro com o mato todo enfeitado com plantas silvestres, chegou aos Soudos já o Sol se escondia por detrás das serras de Aire e Candeeiros e eram horas da ceia.
      Era costume dar uma boa ceia ao pessoal logo que o carro ficasse descarregado e assim aconteceu, mas eu o que mais sentia era sono e fui dormir.

MANFER
®
Torres Novas, 1/06/2015

Foto: Net

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