Relicário dos Prazeres
Autor: Manuel Mar.
A Rita Namoradeira!
A vida da Rita era
maravilhosa,
Ela era na sua terra um
encanto,
Que parecia ser santa
misteriosa,
Sempre recolhida lá no
seu canto,
E era muito linda e bem
formosa.
Mas um rapaz quis casar com
ela,
Escreveu uma carta e lha
enviou,
Com linda mensagem tão
singela,
Que ela quando a leu até
chorou,
Porque nunca lera carta
tão bela.
E aceitou o namoro à
experiência,
Porque não queria
compromissos,
Começou o namoro com
decência,
E a falar com outros os
metediços,
Que cortejavam com
inteligência.
O povo começou a
criticar a Rita,
A chamar-lhe Maria dos
Rapazes.
Ela sentiu-se tão mal e
tão aflita,
Porque más-línguas são
capazes
De a gente boa tornar
interdita.
A sua fama de ser
namoradeira,
Criou os ciúmes ao seu
namorado,
Que lhe fez a grande
maroteira,
De deixar o seu namoro
de lado,
Sem qualquer razão
verdadeira.
A Rita sentiu-se tão
humilhada,
Que logo decidiu ir para
freira,
Ela desejava ser mulher
casada,
Mas desprezada ficava
solteira.
Toda a má-língua é
depravada.
Depois entrou para o
convento,
Mas o povo não podia
acreditar,
E houve muito choro e
lamento,
Ninguém queria sequer
aceitar.
Remorsos do seu
procedimento.
Torres Novas, 26/04/2016