segunda-feira, 18 de julho de 2016

O CIÚME NÃO DORME








































Os Contos de Manuel Mar

O Ciúme não dorme!

Algum tempo depois de se ter divorciado o Fernando matriculou-se na Escola Secundária para completar os seus estudos e começou a sentir-se assediado por duas ou três colegas da classe.
Havia lá por onde escolher: Solteiras, mães solteiras, divorciadas, etc., e também algumas casadas.
O Fernando ficou logo embeiçado pela Isabel, uma linda moça solteira com 22 anos e idade, de olhos verdes que era muito engraçada, mas se ia a algum lado com ela algumas outras colegas arranjavam sempre forma de irem também, principalmente uma loira que era muito metediça.
Com o rodar do tempo o Fernando já andava sempre com as duas e não conseguia decidir-se por nenhuma porque gostava da Isabel mas passou a sair com a loiraça indo a bailes, ao cinema, e correu o boato de que já seriam amantes.
Assim se passou um ano numa total indecisão, mas na verdade o Fernando não gostava da loira mas cedia aos seus constantes convites porque não era capaz de os recusar.
Um dia o Fernando pôs um ponto final e não saiu mais com a loira.
Era o tempo de férias o Fernando foi a Espanha umas semanas, e quando regressou trazia umas recordações de lá para oferecer à sua apaixonada a Isabel, mas ela serenamente teve uma reacção inesperada, respondendo que do Fernando não queria nada e que seria melhor que os fosse oferecer à sua amante, referindo-se à fatal loira.
O Fernando bem tentou defender-se e esclarecer o caso mas não teve nenhuma sorte, porque já era um caso arrumado.
Assim, ele que não queria a loira mas demorou a rejeitá-la, acabou por ser também rejeitado pela mulher de quem gostava porque o ciúme não dorme.

Manuel Mar
®
Torres Novas, 28/08/2015

Foto: Net

DESCANSA CORAÇÃO































Manuel Mar. “Poesia”

DESCANSA CORAÇÃO

Descansa coração velho e cansado,
Porque depois das lutas já vencidas,
Em tantas querelas no teu passado,
Se te cansas já ficas quase acabado,
Não queiras fazer já as despedidas.

Resfria esses teus desejos de amor,
Não procures mais o que perdeste,
Porque as paixões te causam suor,
E certas posições são fonte de dor,
Sossega, porque muito já fizeste.

Descansa coração nem desesperes,
Por ciúmes de ver outrem a gozar,
Sonha antes com os teus prazeres,
E se em teus sonhos tudo reviveres,
Gozas dormindo sem nada cansar.

Desiste, coração, de tuas aventuras,
Dorme mais que te faz bem dormir,
Já passou o teu tempo de loucuras,
Dorme e sonha com tantas ternuras,
Recorda que também te fará sorrir.

Manuel Mar.
®
Torres Novas,18/07/2016

 Foto: Net

domingo, 17 de julho de 2016

A AMANTE SECRETA







































Manuel Mar. “Poesia”

A AMANTE SECRETA

Anita era amante secreta do imperador,
E vivia no seu grande castelo apalaçado,
No meio dum bosque muito encantador,
Lá fechada às sete chaves pelo seu amor,
Sem permissão de sair para nenhum lado.

O imperador só a visitava quando podia,
E às vezes com grande tempo de demora,
Lá vivia com a sua dama de companhia,
Mas naquela solidão ela já imenso sofria,
Ficando à espera do amor a toda a hora.

O castelo era guardado por legionários,
E ela de lá não lhe era permitido saídas,
Mas ela lá escrevia tudo nos seus diários,
As mágoas que sofria e os seus calvários,
E todas as coisas que lhe eram proibidas.

Depois de tanto tempo nesse isolamento,
A Anita sentiu que estava muito doente,
Que mandou pedir auxilio ao regimento,
Precisava de um médico nesse momento,
Porque se estava a sentir quase demente.

Entretanto chegou de volta o imperador,
Que ficou todo assustado e muito aflito,
Mas ao velo, ela sentiu-se muito melhor,
Passaram-lhe todas as tonturas e a dor,
Porque o amor tem um balsamo bendito.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 17/07/2016

Foto: Net

A SORTE NO AMOR





































Manuel Mar. ”Poesia”

A Sorte no Amor!

Para que serve o desejo e a esperança,
Se o sentimento é de amor ou de ódio,
É vão o amor que nos faz o nó górdio,
Que nos trespassa a alma como lança.

Ter amor a quem afinal só nos detesta,
É só o andar de rojo aos pés de alguém,
Que nos trata apenas com seu desdém,
Julgando que somos sua melhor besta.

Quem tem a sorte de amar uma peste,
Torta, mentirosa: uma flor tão agreste,
Será pior que dar aos suínos confeitos.

Mas sorrindo, quem só andava traindo,
E tudo o que fazia era apenas fingindo,
Fugiu dizendo que ele só tinha defeitos.

Manuel Mar.
Torres Novas, 17/07/2016

Foto: Net

A VÃ E EFÉMERA GLÓRIA

 



Manuel Mar. ”Poesia”

A VÃ E EFÉMERA GLÓRIA!

O bom cidadão que orgulho manifesta,
Festejando sempre uma grande vitória,
Ignorando quão vã e efémera é a glória,
Logo faz com os seus amigos a sua festa.

A alegria com que o povo sai para a rua,
Parece mágica fantasia plena de desejos,
Que faz a todos abraçar e dar seus beijos,
É espontânea a forma como o povo actua.

Mesmo aqueles com clubite de partidário,
Que se zangaram na vitória do adversário,
Já são amigos após a vitória da sua Nação.

São ideais a ultrapassam a razão humana,
Ao convergirem na grande força mundana,
Mas quem perde saboreia o dano e solidão.

Manuel Mar.
Torres Novas, 17/07/2016

Foto: Net

O CASAL DA RIBEIRA





























Os Contos de Manuel Mar.

O CASAL DA RIBEIRA

Na minha aldeia, nos tempos antigos, era vulgar haver propriedades com casas de abrigo, que eram usadas para variados fins, todos ligados à agricultura.
Os meus avós também tinham casas desse tipo em propriedades que ficavam mais distantes do centro da aldeia.
Muitas histórias se contavam relacionadas com a vida desses tempos e das referidas casas de abrigo.
O meu avô paterno tinha uma propriedade denominada “A Ribeira” que tinha uma casa de habitação, e um grande palheiro, um poço com uma grande picota, uma grande horta, e cerca de 2 hectares e meio de terreno de oliveiras, figueiras, amendoeiras, pereiras, ameixieiras, vinha e outras árvores de frutos diversos.
Na casa de habitação viviam os patrões e as criadas duranta a semana e muitas vezes só aos Domingos é que iam passar o dia na aldeia.
O palheiro era destinado ao gado na parte debaixo, mas tinha um sótão grande onde guardavam a palha para sustentar os animais e um compartimento onde dormiam os homens trabalhadores à semana, de sol a sol, e os cridos quando os havia.
Os produtos produzidos eram guardados depois nas diversas instalações do meu avô na aldeia, onde tinha a adega, a casa da caldeira de destilar o figo, a tulha do figo seco, o forno de cozer o pão, os arcões para os cereais, as talhas do azeite, etc.
A casa do meu avô era vedada por uma cerca de 1 hectare,
e tinha um grande palheiro e 4 poços de água potável.
Fora da cerca tinha a casa do pessoal do rancho que todos os anos vinha fazer a colheita da azeitona.
Havia outras propriedades mais pequenas.
Nesse tempo, o que eu mais gostava, era da casa do rancho, que era um simples barracão bem situado no centro da aldeia com 3 divisões. No rés-do-chão havia uma grande lareira que servia de cozinha e onde se faziam as refeições do rancho e ao lado uma sala-quarto para o sexo feminino. Os homens dormiam todos no sótão.
Quando essa casa não estava ao serviço do rancho era ali que eu fazia muitas das brincadeiras de infância.
Mas aquando das partilhas a casa do rancho e todas demais casas e propriedades foram feitos 6 lotes e, depois no sorteio, a casa do rancho calhou ao meu tio Cândido, que há muito não vivia na aldeia.
Passado pouco tempo, feitas as escrituras, esse meu tio
vendeu  quase tudo e uma parte foi o meu pai que comprou, só não comprou a casa do rancho porque não
precisava realmente dela, e nesse tempo não havia fartura de dinheiro.
E assim acabou aquela casa do rancho que hoje é uma habitação, e nunca mais houve rancho da azeitona.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 5/05/2015  

Foto: Net

O BURRO MALFADADO


























Os Contos de Manuel Mar.


O BURRO MALFADADO


Era uma vez um homem criador de animais e que tinha um burrinho que saiu muito manso e que na sua terra ninguém o queria comprar.

O pobre homem um belo dia preparou o burro para ficar bonito e o levar feira para ver se conseguia arranjar um comprador. Quando viu que o burrito estava com boa apresentação, levou-o à feira,  indo à frente dele com a arreata na mão e uma varinha na outra mão para ir dando umas vergastadas no burro para não ter de puxar tanto por ele, porque além de manso era muito vagaroso.

Aconteceu que iam pelo mesmo caminho dois rapazes que eram estudantes, e quando viram o homem com o burro pela mão, pensaram e combinaram fazer uma partido ao pobre homem, esconderam-se e depois seguiram atrás deles.
Com o maior cuidado, um rapaz fez de burro e outro enfiou-lhe o cabresto do burro na cabeça, e assim ficou  a fazer de burro.
O pobre do homem, tão entregue aos seus pensamentos ia, que não deu por nada e continuou a levar o rapaz pela arreata pensado que levava o seu burro, enquanto o seu burro ficou para trás com o outro rapaz, que seguindo a uma boa distância, levou o burro verdadeiro à mão e soltou-o quando chegou ao mercado.

O estudante que tinha tomado o lugar do burro começou a ficar muito cansado e parou, fazendo que o homem também parasse. Ao olhar para trás, o pobre do homem ficou pasmado: No lugar do burro estava agora um rapaz. Procurando disfarçar a voz o rapaz diz com meiguice:
Ah! Meu senhor, quanto lhe agradeço por me ter dado uma vergastada na moleirinha! Assim quebrou o encanto com que uma velha bruxa me tinha transformado em burro.

Sem perceber o que se tinha passado, o homenzinho não parava de pedir desculpas ao rapaz por lhe ter batido tantas vezes porque o seu burro era muito teimoso e só queria estar parado.
Lá deixou o estudante ir à sua vida, lamentando a pouca sorte que teve ao ficar sem aquele burro.
Quando chegou à feira, começou a dar algumas voltas e logo reparou num burro lá estava e que era tal e qual o seu burro.

 Desconfiado, mirou e remirou o burro. Já não tinha dúvidas, aquele era o burro que não era burro e podia passar a ser rapaz de um momento para o outro. Aproximou-se mais do animal e disse-lhe baixinho:

 -Cá a mim tu não enganas mais nenhuma vez!
 Quem não te conhecer que te compre!

    E lá se foi à sua vida deixando abandonado o animal que tinha nascido malfadado e lazarento e, assim se fez lenda.

Manuel Mar.
®
Tores Novas, 31/05/2015
Foto: Net

CIDADE DE TORRES NOVAS - PARTE 2


A CIDADE DE TORRES NOVAS


ODE À VIDA
































Manuel Mar.”Poesia”

ODE À VIDA!

A minha alma revive de esperança,
Que no presente reflecte o passado,
Porventura sem sombra de pecado,
Porque viver é seguir em mudança.

Crescemos nós e ao lados dos filhos,
Superando os problemas desta vida,
Esquecendo de tanta dor já sofrida,
Sempre esquivando-nos de sarilhos.

A vida muda tanto constantemente,
Todos procuram viver mais e melhor,
Tanto os crentes como todos os ateus.

O vida muda e avança eternamente,
Mas a velhice é que nos dá vida pior,
O meu refúgio é na palavra de Deus.

Manuel Mar.
Torres Novas, 17/07/2016

Foto: Net

ODE À VIDA
































Manuel Mar.”Poesia”

ODE À VIDA!

A minha alma revive de esperança,
Que no presente reflecte o passado,
Porventura sem sombra de pecado,
Porque viver é seguir em mudança.

Crescemos nós e ao lados dos filhos,
Superando os problemas desta vida,
Esquecendo de tanta dor já sofrida,
Sempre esquivando-nos de sarilhos.

A vida muda tanto constantemente,
Todos procuram viver mais e melhor,
Tanto os crentes como todos os ateus.

O vida muda e avança eternamente,
Mas a velhice é que nos dá vida pior,
O meu refúgio é na palavra de Deus.

Manuel Mar.
Torres Novas, 17/07/2016

Foto: Net

sábado, 16 de julho de 2016

O BRUCHO DO CASTELO DOS MOUROS

















              

Os Contos de Manuel Mar.

O BRUXO DO CASTELO DOS MOUROS

Há muitos séculos no castelo dos mouros, segundo reza a lenda, habitava um mouro que se fez bruxo e juntou uma grande fortuna em dinheiro, ouro e jóias preciosas, com as bruxarias que fazia nos fundos do castelo.
A dada altura um exército cristão ajudado pelos cruzados, veio ajustar contas com os mouros para recuperar o seu antigo castelo.
O bruxo mouro como era um grande adivinho já tinha escondido o seu tesouro junto de uma velha fonte nos arredores do castelo.
Quando o bruxo estava a esconder o seu grande tesouro, foi surpreendido por uma linda moura que era costume ir beber água na fonte. O bruxo pensou logo em enfeitiça-la com a sua magia para que ela não desse com a língua nos dentes e divulgasse o segredo.
E como que celebrando um velho ritual disse:
— Em cobra ficarás encantada, e para sempre ficarás com a boca calada!
A linda moura transformou-se numa cobra rastejando e vivendo junto da fonte.
Os cristãos tomaram o castelo de assalto, matando uns e expulsando outros, mas o bruxo nunca mais apareceu por aquelas bandas.
Diz-se que, em noites de S. João, alguém viu junto ao castelo uma bela moura a dançar ao luar, e quando um rapaz a convidou para dançar com ele, ela não lhe respondeu e desapareceu.
Sobre as pedras da fonte alguém encontrou uma pele de cobra recentemente despida, e diz-se que ela continua a viver como cobra na velha fonte, mas o tesouro do bruxo nunca foi encontrado.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 27/05/2015
Foto: Net

O MAU PRESENTE DE AMOR









































Manuel Mar. ”Poesia”

O Mau Presente de Amor!

O presente de amor que te dei,
Ao qual tu nenhum valor deste,
Era uma jóia linda e sem peste,
Nem sei onde é que afinal errei.

Eu que julgava ter o teu amor,
Bem igual aquele que eu te dei,
E agora confesso que já nem sei,
Porque é que não me dás valor.

Mas se é a mim tu já não queres,
Fica com o anel e faz a colecção,
Porque tu me partiste o coração.

E se é isso aquilo que tu preferes,
Guardarei como tua recordação,
O amor que fizemos com paixão.

Manuel Mar.
Torres Novas, 16/07/2016

Foto: Net

O MAU PRESENTE DE AMOR









































Manuel Mar. ”Poesia”

O Mau Presente de Amor!

O presente de amor que te dei,
Ao qual tu nenhum valor deste,
Era uma jóia linda e sem peste,
Nem sei onde é que afinal errei.

Eu que julgava ter o teu amor,
Bem igual aquele que eu te dei,
E agora confesso que já nem sei,
Porque é que não me dás valor.

Mas se é a mim tu já não queres,
Fica com o anel e faz a colecção,
Porque tu me partiste o coração.

E se é isso aquilo que tu preferes,
Guardarei como tua recordação,
O amor que fizemos com paixão.

Manuel Mar.
Torres Novas, 16/07/2016

Foto: Net

O BRAÇO ESFORÇADO

























O Diário dos Contos de Manuel Mar.

O BRAÇO ESFORÇADO

A implantação de República Portuguesa, em 1910, trouxe profundas e cruéis mudanças que muito afectaram o viver das gentes do nosso povo.
A expulsão dos jesuítas teve consequências muito nocivas, basta lembrar que todo o ensino em Portugal estava na mão deles e, ao confiscarem-lhe todos os bens nada o país lucrou e o pior foi conduzir as finanças públicas à penúria pois toda a economia se arruinou. Muitas casas comerciais e financeiras faliram e, o próprio estado ficou sem nada no tesouro e cheio de grandes dívidas.

Se a vida nas cidades era uma verdadeira miséria e havia roubos de noite e de dia mesmo com portas trancadas às sete chaves, a vida no campo também não era boa, mas sempre havia alguma ajuda entre os vizinhos.

Nas aldeias, cheias de gente nova e trabalhadora, produzia-se tudo o que era possível para vender nas vilas e nas cidades para matar a fome a todos mas, mesmo assim, ainda havia falta de tudo.

Pode-se dizer, em abono da verdade, que foi o braço esforçado do povo que venceu, com grandes sacrifícios, essa grande crise e, apesar de ter sido agravada pelo rebentar da 1ª Grande Guerra Mundial de 1914 a 1918.

Foram anos de dificuldades e privações até ao Estado Novo e à Constituição de 1933 altura em que começaram a resultar as medidas impostas por Salazar que, conduziram à recuperação da
Economia e finanças de Portugal, e que foram progressivamente melhorando até ao 25 de Abril.

A chamada revolução dos cravos feita em nome da salvação do povo, se trouxe algumas melhorias foi sol de pouca dura, porque decorridos dois anos estavam esvaziados os cofres do estado e, temos andado de crise em crise e, adeus mundo, na realidade, não existe nenhuma garantia de e que o nosso futuro será melhor.

O que se sente é que a luta política se tornou num luxo de disputa
desenfreada  de tudo o que são lugares do poder da nação e que toda a governação do estado português consome o que o país não consegue produzir.

Assim compete ao povo acabar com todos os luxos do governo, da assembleia da república, e de todos os departamentos do estado, fazendo com que a lei seja igual para todos.
É preciso moralizar as hierarquias e introduzir uma escala com sete degraus e que cubra todas as categorias de trabalhadores universalmente com base no mérito de cada um e não nos lobbies que se tem criado por todo o lado.

Todos os privilégios que se foram criando para os servidores do estado não tem nenhuma razão de existir: ou serão extensivos para todos os trabalhadores; ou terão de acabar.

Os escalões de vencimentos seriam assim:
525€ para ordenado mínimo e 3.675€ para ordenado máximo.
725 €  “                                       5.075€  “

Se continuar como está não pode conduzir a um bom destino na minha opinião.
  
Manuel Mar.
®
Torres Novas,25/03/2015
Foto: Net

UM AMOR FATAL

























Foto antiga da rua da capela dos Soudos - Torres Novas


Os Contos de Manfer

UM AMOR FATAL

Com a implantação de República Portuguesa, em 1910, houve profundas e também cruéis mudanças políticas que, muito afectaram o viver do nosso povo.
A expulsão dos jesuítas teve consequências muito nocivas, basta lembrar que todo o ensino em Portugal estava na mão dos deles e, ao confiscaram todos os seus bens nada o país lucrou e conduziu as finanças públicas à penúria pois toda a economia se arruinou.
Muitas casas comerciais e financeiras faliram e, o próprio estado ficou sem nada no tesouro.
Os jesuítas possuíam grandes riquezas que ao serem-lhes onfiscadas levaram ao despedimento de uma multidão de toda a classe de obreiros que, de um dia para o outro perderam o seu modo de vida.
Por esse motivo, um tio da minha mãe, irmão da minha avó, que era o despenseiro dos jesuítas no seminário de Santarém, e tinha uma boa vida, teve que regressar à aldeia e teve grandes problemas na sua vida.
Se por um lado, há muitos que tinha deixado o cultivo das suas terras e, teve muita dificuldade em recomeçar uma vida de agricultor, por outro lado surgiram-lhe, também, problemas com a sua namorada de há vários anos porque ela acabou o namoro por não querer deixar a cidade e ir viver no campo.
O pobre do homem fez tudo para a reconquistar mas apesar dos seus esforçou ela foi irredutível e ele com essa mágoa começou a definhar e adoeceu.

A sua doença foi depois diagnosticada como sendo uma terrível tuberculose, e ele seguiu para um sanatório na Serra da Estrela, e passado pouco tempo depois faleceu.

Os seus bens que tinham sido herdados do pai que tinha falecido muito novo, voltaram para a minha bisavó a Dona Vitoriana e, mais tarde foram herdados pela minha avó e as suas sete irmãs.
A minha avó passados uns anos faleceu em 1961 e os bens foram distribuídos pelos seus quatro filhos.
Mais tarde em 1963 eu fui viver na antiga casa da minha avó e, ainda hoje detenho alguns objectos que pertenceram ao meu tio-avô, que tinha sido vitimado pela maldita tuberculose, em conse-quência de uma grande paixão, que para ele foi  um amor fatal.

Manfer
®
Torres Novas, 31/05/2015

Foto: Net

UM AMOR FATAL

























Foto antiga da rua da capela dos Soudos - Torres Novas



Conto de Manuel Mar

O AMOR FATAL

Com a implantação de República Portuguesa, em 1910, houve profundas e também cruéis mudanças políticas que, muito afectaram o viver do nosso povo.
A expulsão dos jesuítas teve consequências muito nocivas, basta lembrar que todo o ensino em Portugal estava na mão dos deles e, ao confiscaram todos os seus bens nada o país lucrou e conduziu as finanças públicas à penúria pois toda a economia se arruinou.
Muitas casas comerciais e financeiras faliram e, o próprio estado ficou sem nada no tesouro.
Os jesuítas possuíam grandes riquezas que ao serem-lhes onfiscadas levaram ao despedimento de uma multidão de toda a classe de obreiros que, de um dia para o outro perderam o seu modo de vida.
Por esse motivo, um tio da minha mãe, irmão da minha avó, que era empregado dos jesuítas no seminário de Santarém, e tinha uma boa vida, teve que regressar à aldeia e teve grandes problemas na sua vida.
Se por um lado, há muitos que tinha deixado o cultivo das suas terras e, teve muita dificuldade em recomeçar uma vida de agricultor, por outro lado surgiram-lhe, também, problemas com a sua namorada de há vários anos porque ela acabou o namoro por não querer deixar a cidade e ir viver no campo.
O pobre do homem fez tudo para a reconquistar mas apesar dos seus esforçou ela foi irredutível e ele com essa mágoa começou a definhar e adoeceu.

A sua doença foi depois diagnosticada como sendo uma terrível tuberculose, e ele seguiu para um sanatório na Serra da Estrela, e passado pouco tempo depois faleceu.

Os seus bens que tinham sido herdados do pai que tinha falecido muito novo, voltaram para a minha bisavó a Dona Vitoriana e, mais tarde foram herdados pela minha avó e as suas sete irmãs.
A minha avó passados uns anos faleceu em 1961 e os bens foram distribuídos pelos seus quatro filhos.
Mais tarde em 1963 eu fui viver na antiga casa da minha avó e, ainda hoje detenho alguns objectos que pertenceram ao meu tio-avô, que tinha sido vitimado pela maldita tuberculose, em consequência de uma grande paixão, que para ele foi o amor fatal.

Manuel Mar
®
Torres Novas, 31/05/2015

Foto: Net

AMOR ÀS ESCONDIDAS




























Os Contos de Manfer

AMOR ÀS ESCONDIDAS

Num reino muito distante uma princesa vivia num maravilhoso palácio, cheio de belos jardins com lindas flores e campos relvados verdejantes.
Ela era muito rica e possuía lindos vestidos, jóias raras mas faltava-lhe algo, como se no seu jardim faltasse um raio de sol, ou uma brisa ou uma estrela, algo que não se vê mas que se sente, algo que dê vontade de rir e de cantar. Ela passava o tempo a ouvir os lindos passarinhos e a cheirar todas as flores de que ela gostava. O problema da princesa era a felicidade, pois era a única coisa que lhe faltava.
Num belo dia passou por lá um príncipe aventureiro, que vendo a beleza da princesa ficou louco de paixão por ela. Todos os dias e à mesma hora e no mesmo lugar o príncipe ia falar com a princesa e ela ficou também se apaixonada por ele. Depois disso continuaram a encontrar-se e muito se amavam às escondidas do rei.
A princesa tornou-se muito radiante e os seus olhos brilhavam como faíscas de milhões de luzes, no meio dos passarinhos que cantavam alegremente e das flores que exalavam perfumes suaves e magníficos.
A linda princesa tinha encontrado o que lhe faltava que era a felicidade do amor.
Certo dia o rei para selar um acordo diplomático com um reino vizinho devido a algumas discórdias que os lançavam em guerras e escaramuças, decidiu prometer a sua princesa em casamento com o príncipe desse reino vizinho. Esta ideia não agradou à princesa, mas como continuava a ver o seu príncipe aventureiro e só pensava casar com ele foi deixando passar o tempo.
Alguém com ciúmes foi contar ao pai dela o que se passava e os seus encontros amorosos.
O Rei receando perder e o seu projecto de paz fosse anulado, decidiu acabar com os encontros da sua filha.
Assim, mandou um general ir buscar um mago que habitava no seu reino para que resolver o problema.
O mago logo fez uma maldição à filha do rei e ao seu príncipe encantado e a partir desse momento os seus amores se transformassem em ódio e acabassem com os seus encontros amorosos.
Alguém escutou a conversa entre o rei e o mago e divulgou a novidade que chegou ao conhecimento do cavaleiro apaixonado, que deixou de ir visitar a princesa.
Assim o tempo se foi passando, com a princesa cheia de tristeza por ter perdido o seu grande amor.
Então a princesa acabou por fazer a vontade ao pai e casou com o príncipe prometido, entregando-lhe o seu corpo, mas o seu coração continuava com o seu príncipe aventureiro.
Pelas florestas à volta do palácio, deambulava o príncipe aventureiro que espreitava de longe a sua amada mas sem nunca se aproximar pois conhecia a maldição que lhes foi lançada, e não aguentando viver mais nessa situação, decidiu entregar-se nos braços da morte, mas deixou um pedido: que o seu coração lhe fosse retirado do seu corpo e queimado para quebrar essa maldição.
Tanto se falou na morte do cavaleiro aventureiro no reino que a princesa acabou por ter conhecimento do que lhe tinha acontecido.
Então não resistiu à tristeza e adoeceu e ao fim de alguns meses faleceu deixando como último pedido, que lhe fosse retirado o coração do corpo e lançado ao fogo no mesmo lugar onde tinha sido queimado o coração do seu amado.
A lenda diz ainda que esses corações apaixonados ficaram juntos os dois e que mesmo de fora do peito ardem de amor eternamente.
A partir desse dia esses corações são protectores dos amores proibidos, e talvez quem sabe se um dia os dois nos protejam a nós também.

Manfer
®
Torres Novas, 31/05/2015
Foto: Net

A TIA ANA DOS OVOS































Capela dos Soudos junto à qual a tia Ana vendia os tremoços

Os Contos de Manfer

A TIA ANA DOS OVOS

A tia Ana dos Ovos, era irmã do meu avô paterno, que morava nos Matinhos, na aldeia de Soudos, freguesia de Paialvo do concelho de Tomar.
Quando a conheci a tia Ana já ela era muito velhinha.
O meu avô Manuel Ferreira já tinha falecido quando eu Nasci. 
Eles viviam da agricultura e da venda de produtos da sua produção, tal como uma boa parte dos moradores da aldeia, mas a tia Ana dos Ovos era muito popular porque passava os dias a vender ovos e tremoços por todas as aldeias limítrofes e vivia à sua maneira, que eu achava muito estranha.

Ela tinha três filhos e o mais velho tinha-se estabelecido no ramo dos vinhos, tendo ela e marido sido seus fiadores.
Mas ao tempo havia a crise da 2ª Grande Guerra, e o negócio correu tão mal que tiveram que vender as propriedades para pagarem essa divida.
Passado algum tempo o marido dela que já não podia trabalhar e que passava os dias a aquecer-se ao sol no seu quintal, não aguentou um dia mais frio e acabou por falecer.
Ela continuou a fazer a sua vida e a viver com o filho solteiro que passados alguns anos faleceu e ela ficou a viver sozinha na sua casa velhinha, mas nessa altura começou a ser ajudada pela família.
O que mais me impressionava era a forma de ela se alimentar, pois a qualquer hora do dia, ela só fazia açorda de pão com ovos e um dente de alho e uma pedra de sal e, assim viveu até aos 104 anos de idade, quando entregou o seu corpo à terra e a alma ao Deus criador.
O seu velho casebre ficou para uma neta que lá mora com a sua família.

Manfer
®
Torres Novas, 25.02.2010

Foto: Net