quarta-feira, 20 de julho de 2016

AS PAIXÕES DE INFÂNCIA































Manuel Mar. “Poesia”

AS PAIXÕES DA INFÂNCIA

Na infância as minhas paixões,
Eram iguais às de toda a malta,
Mas ao deixar o jogo dos piões
Eu comecei a tocar aos serões,
O realejo, a viola mais a flauta.

Depois de saber algumas modas,
Voltei-me para o canto e dança,
E para tudo o que tivesse rodas,
Para caçar arranjei as pistolas,
Mas joguei futebol com pujança.

Foi a dança a minha real paixão,
Eu mais dez quilómetros andava,
A pé, só para ir dançar o malhão,
Depois vieram as danças de salão,
Começava a dançar e não parava.

Depois fiz interregno para casar,
E tive uma paixão extravagante,
Que iria uma dúzia de anos durar,
Após o divorcio lá voltei a dançar,
Mas esse tempo já é tão distante.

Manuel Mar.
®
Torres Novas,20/07/2016

 Foto: Net

O DIA DO AMIGO (A)






























Manuel Mar. ”Poesia”

O DIA DO AMIGO (A)

Amigo, sem ti não era tão feliz!
Muito grato pela tua amizade!
Ela é o maior bem na verdade,
Mas foi a sorte que assim o quis.

Sem amigos a vida é incompleta!
Obrigado por tu me completares!
Os amigos são bens tão salutares.
Que só a saudade tanto os afecta.

Namoradas (os) hoje vão e vêm.
Muitos desconfiam do quem têm.
Só os amigos para sempre ficam.

O amor dos amigos é mais puro,
Por ser sempre tão leal e seguro,
E com reciprocidade se dedicam.

Manuel Mar.
Torres Novas, 20/07/2016

Foto: Net

ALDEIA DOS SOUDOS





























Manuel Mar. “Poesia”

ALDEIA DOS SOUDOS

Essa bela aldeia onde nasci,
E foi para mim importante,
Foi a terra onde eu lá cresci,
Foi nela que muito aprendi,
E dela estou agora distante.

Lá me senti como no paraíso,
No centro de grande família,
Que tinha o que era preciso,
Era gente com grande juízo,
Mas trabalhava noite e dia.

Viviam do amanho da terra,
Trabalhando-a de Sol a Sol,
Decorria a Segunda Guerra,
Era nos arrabaldes da Serra,
Onde não faltou o pão mole.

Era tempo do racionamento,
Haviam grandes dificuldades,
Mas criávamos bom alimento,
Que dava para nosso sustento,
E se vendia nas Vilas e Cidades.

Tinha já os sete anos de idade,
E lá ia de burro aos mercados,
Vender só o que era novidade,
Mas eram frutos de qualidade,
Que eram bem apresentados.

Mas eu ia bem acompanhado,
Era pelo meu pai geralmente,
Ele ia lá na bicicleta montado,
Pagar a entrada no mercado,
E vendia-se quase de repente.

Manuel Mar.
®
Torres Novas,20/07/2016
 Foto: A casa onde nasci



PENSAMENTO POSITIVO
































Manuel Mar. “Poesia”

PENSAMENTO POSITIVO

Quem quer mostrar ter bom coração,
Nas já não pode confiar em ninguém,
Vai à igreja ouvir lá um bom sermão,
Mas não sente uma grande devoção,
E ajudar alguém já lhe não convém.

Ele ouviu com interesse de Deus falar,
Porque também pede a Deus ajuda,
Mas a côngrua já ele não quis pagar,
E ao necessitado não pode nada dar,
Mas quer que Deus depois lhe acuda.

O seu pensamento é sempre positivo,
Porque fala sempre com a verdade,
Para ele, há sempre bom objectivo,
Só o que os outros falam é negativo,
Porque vê nos outros só a maldade.

Só se sabe quem ele é nas desgraças,
Porque nem ao seu amigo dá ajudas,
O que lhe faz é dizer algumas graças,
Porque ele só gosta é de fazer farsas
E vende o amigo como já fez o Judas.

Nunca dás nada do que julgas ser teu,
Mas afinal tu andas muito enganado,
Tu só vives à custa do que Deus te deu,
Vais morrer quer crente ou quer ateu,
E contigo nada vai para o outro lado.

Manuel Mar.
®
Torres Novas,20/07/2016

 Foto: Net

terça-feira, 19 de julho de 2016

HOJE EM DIA

















Manuel Mar. “Motes”

HOJE EM DIA…

As pessoas agora sabem o preço de tudo,

Mas elas não sabem o valor de Nada…

Os casais juntam-se e poupam mesmo tudo,

E até filhos, que já não há quase nada…


Manuel Mar.
®
Torres Novas, 27/07/2015

Foto: Net

A VIDA ME DUDOU




















Manuel Mar. “Motes”

A VIDA ME MUDOU

A vida me mudou sem querer,
Que não acredito em ninguém,
Muito pão duro tive de comer,
Agora como o que me convém.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 27/07/2015

Foto: Net

UMA DOCE PAIXÃO






























Manuel Mar. “Poesia”

UMA DOCE PAIXÃO

Tão doce foi a paixão que senti,
Bem sentado no circo a teu lado,
Do espectáculo quase nada lá vi,
Porque queria ser teu namorado.

As nossas mãos se entrelaçaram,
E esse amor mudou o meu destino,
As tuas palavras me encantavam,
Tão perfeito prazer parecia divino.

Não demos pelo acabar da sessão,
Ficámos embevecidos de emoção,
Extasiados de amor a transbordar.

Queria oferecer-te a minha paixão,
Com todo o amor do meu coração,
Dar-te de beijos sem jamais parar.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 13/05/2015
Foto: Net

ÁGUA FRESCA
































Manuel Mar. “Poesia”

ÁGUA FRESCA

Naquela tarde de Verão
Uma brisa forte lá corria,
Fazia das saias um balão,
Àquela que comigo vivia.

Tinha as curvas perfeitas,
Que ficavam descobertas,
Muito belas e escorreitas,
Até havia bocas abertas.

E aquela linda pequena,
Estava bela e tão serena,
E a água fresca me dava,

Ela era o meu doce amor,
A dar de beber ao senhor,
Que só com ela se deitava.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 25/05/2015

Foto: Net

segunda-feira, 18 de julho de 2016

VIVER ABANDONADO



























Manuel Mar. “Poesia”

VIVER ABANDONADO

Vivo agora apenas da caridade,
Já nada me pertence no mundo,
E perdi toda a minha mocidade,
A lutar para haver a igualdade,
E aos poucos fui parar no fundo.

Filho de gente honrada e pura,
Tenho uma alma e um coração,
Mas toda a minha desventura,
Foi meter-me numa aventura,
Onde fiquei sem ter um tostão.

Ambos os meus pais faleceram,
E fiquei só e sem ter um abrigo,
Os meus tios todos já partiram,
Todos os seus bens, se sumiram,
Agora, tenho a vida em perigo.

Já estou velho para trabalhar,
Já a minha casa é toda a rua,
E se a sopa dos pobres acabar,
Como nunca aprendi a roubar,
Vou morrer à fome bem crua.

Resta-me ainda a esperança,
O Governo fazer como a Suíça
Tirar um pouco da abastança,
Dos ricos com a grande pança,
E dar aos pobres uma linguiça.

Manuel Mar.
®
Torres Novas,19/07/2016

 Foto: Net

O PODER DOS SONHOS






















Os Contos de Manuel Mar.

O PODER DOS SONHOS!

Acontece sem nos apercebermos que desde muito novos os sonhos começam a participar nas nossas vidas e a delinear o nosso futuro, interferindo em todos os nossos objectivos.
Sonhamos com tudo o que se passou antes e tentamos prever o nosso futuro, o que iremos aprender e os cursos que poderemos tirar, mas todos querendo ser heróis e ter fama.
Assim sonhamos com um mundo de acções possíveis e de situações até às impossíveis de realizar.

O nosso crescimento aumenta a capacidade mental e os nossos sonhos acompanham todo o conhecimento que vamos adquirindo, sendo até às vezes bons conselheiros ajudando a orientar os caminhos que vamos escolhendo.

Quando se perde vontade de sonhar muita da nossa capacidade fica prejudicada e normalmente essas pessoas sentem-se até perdidas na sua vida.
Os sonhos são, em suma, um trabalho da nossa alma que nos ajuda a ser alguém na vida e a encontrar a felicidade de viver.

Foi sonhando que os grandes inventores conseguiram alcançar as suas grandes descobertas que aumentaram o progresso das gentes e das Nações.
Sem os sonhos das nossas almas, a humanidade seria apenas como um animal sujeito a todas as tormentas e intempéries.
Sem o sonho, a nossa vida seria talvez como a monotonia de um deserto seco e desabitado, ou quando muito um grupo de animais lutando pela posse da terra à semelhança das feras selvagens.

Já dizia o poeta: “O sonho comanda a vida”

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 8/09/2015

Foto: Net

O PESO DOS COSTUMES






























Os Contos de Manuel Mar.

O PESO DOS COSTUMES


Numa pequena freguesia do concelho de Mafra, em tempos que já lá vão há muitos séculos, havia uma tradição muito antiga só para os homens, que ninguém sabe quem a inventou.

O que se sabe é que quando se reuniam na igreja da freguesia e havia o ritual de acender as velas, os homens só as apagavam depois de saírem pelo corredor da sacristia, onde todos esmurravam as velas contra a parede para dessa forma as apagar.

O padre da freguesia um dia faleceu e foi lá parar um padre muito novo e brioso que não gostou de ver a igreja com a sacristia toda borrada e cheia dos restos da cera das velas.

O padre novo arranjou logo uma comissão paroquial para mandar limpar tudo o que estava muito sujo na igreja e pintar tudo de novo.

Assim foi feito e a igreja ficou como nova. Toda gente foi felicitar o Senhor Prior, levando algumas prendas como é costume em muitas freguesias.

Com a igreja toda bonita, o Prior escolheu um dia para a comemoração do acontecimento, com festa religiosa e banda filarmónica.

No dia da festa tudo correu do melhor até ao momento do apagar das velas. O Prior já tinha feito um pedido para não sujaram nenhuma das paredes porque tinha custado muito a sua limpeza.
Acabada a cerimónia, um paroquiano exaltado abeira-se do Prior e diz em voz alda:

- Saiba Vossa Reverência que há uma tradição que não pode acabar:

Nesta parede sempre o meu avô esmurrou a sua vela, o meu pai sempre a esmurrou e eu, bem alto lhe digo, que essa tradição não pode acabar e, contra a parede esmurra a sua vela.

Em seguida outros paroquianos o imitaram e fizeram o mesmo como era de tradição.

Consta que até hoje continua essa mesma tradição.

Mas o Prior é que não gostou e pediu para sair de lá e foi pregar para outra freguesia no concelho de Torres Novas à ordem do Bispo de Lisboa.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 12/5/2015
Foto: Net

HINO DE AMOR E PAIXÃO
































Manuel Mar. “Poesia”

Hino de Amor e Paixão

Quem se entrega ao seu grande amor,
Só pela doçura da sua imensa paixão,
E toda nua como nasce a rosa em flor,
Para mostrar o seu corpo encantador,
Dá-se com toda a sua alma e coração.

Vai tomar um banho de leite e rosas,
Que amolece a pele e fica bem macia,
Deixando as suas curvas maravilhosas,
E as suas feições ainda mais formosas,
As coisas com que o amante se delicia.

Quando o seu olhar brilha em chama,
A mostrar a intensidade do seu amor,
Deseja, tão ardentemente quem ama,
Que se vai deitar na mais linda cama,
A esperar a visita do querido senhor.

Quando o amor se envolve de magia,
A viver o paraíso de tanta felicidade,
Os corações palpitam imensa alegria,
E sentem uma encantadora melodia,
Da paixão que o amor faz de verdade.

Manuel Mar.
®
Torres Novas,18/07/2016

 Foto: Net

QUIMERA E ILUSÃO

































Manuel Mar. “Poesia”

QUIMERA E ILUSÃO

A minha boca disse-te verdades imerecidas,
E palavras meigas ditas só para te acalmar,
As saudades dos bons tempos já esquecidas,
Das horas de carinho por ambos já vividas,
E que sem lamento estou agora a lembrar.

Dei-te carinhos sem ter os teus sentimentos,
Mas os teus sorrisos já eram fingidos demais,
Suportei a tua indiferença nesses momentos,
Que embora fossem já para mim tormentos,
Esperava voltar a ouvir no amor os teus ais.

O teu amor comigo era só como a despachar,
A tua indiferença tornou-se uma realidade,
Eu sentia que de mim tu te estavas a afastar,
Mas sem querer isso não quis nem acreditar,
E na verdade tu me falavas só com falsidade.

Estudas-te tudo para de mim tu te afastares,
Partiste, e para casa da tua mãe foste viver,
Eu concordei e a casa lá comprei para usares,
Depois falaste da ideia louca de me matares,
Ameaças-te me, fiquei sem saber o que fazer.

Quando depois no fim-de-semana a fui ver,
Sem ela e os dois filhos, a casa estava vazia,
Mas deixou lá uma última carta para eu ler,
Que li banhado em lágrimas e fiquei a saber:
Não queria viver mais comigo, assim o dizia.

Manuel Mar.
®
Torres Novas,1/07/1974

 Foto: Net

O DESENGANO BARATO




































Manuel Mar. “Poesia”

O Desengano barato!

O meu coração era tão desconfiado,
E estava constantemente a suspirar,
Mas ele só se sentia bem a namorar,
Até já com muitas tinha namorado.

Era o ciúme que o fazia tanto sofrer,
Que não suportava nada de afronta,
Mas ficava de cabeça perdida, tonta,
Quando algo não conseguia entender.

Quando eram já cinco as raparigas,
A dizer andarem comigo a namorar,
Eu juntei-as todas no mesmo lugar,
Só para elas acabarem as mentiras.

Todo o assunto ficou ao desbarato,
Dizendo todas que isso era mentira,
Eu que não vira uma cena tão gira,
Achei tal desengano lindo e barato.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 29/05/2016

Foto: Net

O GANHÃO























Os contos de Manuel Mar.

O GANHÃO

          O meu avô paterno, era um agricultor que tinha sempre alguns criados para o ajudar.
 Um desses criados tinha ido para o seu serviço, ainda muito novo, nem tinha ido à escola que nem havia nesse tempo.
 O rapaz já tinha na altura uns 15 anos, mas nunca tinha saído da minha aldeia, e o meu avô paterno, resolveu levá-lo com ele à feira do Entroncamento que ficava a uns escaços 10 km. de distância.
 Na ida passaram pelas aldeias de Pé-de-Cão, Lamarosa e Barroca e o rapaz fez o caminho sempre calado, pois ia observando o que via pela primeira vez.
 Ao regressar, o rapaz volta-se para o meu avô e diz:
 -“ É patrão!
-Nem pensava que o mundo era tão grande assim!

 É claro que o meu avô terá dado a sua rizada…
 Eu não conheci o meu avô mas a sua fotografia com ele trajado a rigor à maneira da sua época, sempre me impressionou muito.

 Esta história e muitas outras, foram-me contadas por meu pai ao serão, à luz da candeia, no tempo em que não havia luz eléctrica, telefonia nem televisão.
 É uma história verdadeira podem crer.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 1/06/2015
Foto: Entroncamento 

O CIÚME NÃO DORME








































Os Contos de Manuel Mar

O Ciúme não dorme!

Algum tempo depois de se ter divorciado o Fernando matriculou-se na Escola Secundária para completar os seus estudos e começou a sentir-se assediado por duas ou três colegas da classe.
Havia lá por onde escolher: Solteiras, mães solteiras, divorciadas, etc., e também algumas casadas.
O Fernando ficou logo embeiçado pela Isabel, uma linda moça solteira com 22 anos e idade, de olhos verdes que era muito engraçada, mas se ia a algum lado com ela algumas outras colegas arranjavam sempre forma de irem também, principalmente uma loira que era muito metediça.
Com o rodar do tempo o Fernando já andava sempre com as duas e não conseguia decidir-se por nenhuma porque gostava da Isabel mas passou a sair com a loiraça indo a bailes, ao cinema, e correu o boato de que já seriam amantes.
Assim se passou um ano numa total indecisão, mas na verdade o Fernando não gostava da loira mas cedia aos seus constantes convites porque não era capaz de os recusar.
Um dia o Fernando pôs um ponto final e não saiu mais com a loira.
Era o tempo de férias o Fernando foi a Espanha umas semanas, e quando regressou trazia umas recordações de lá para oferecer à sua apaixonada a Isabel, mas ela serenamente teve uma reacção inesperada, respondendo que do Fernando não queria nada e que seria melhor que os fosse oferecer à sua amante, referindo-se à fatal loira.
O Fernando bem tentou defender-se e esclarecer o caso mas não teve nenhuma sorte, porque já era um caso arrumado.
Assim, ele que não queria a loira mas demorou a rejeitá-la, acabou por ser também rejeitado pela mulher de quem gostava porque o ciúme não dorme.

Manuel Mar
®
Torres Novas, 28/08/2015

Foto: Net

DESCANSA CORAÇÃO































Manuel Mar. “Poesia”

DESCANSA CORAÇÃO

Descansa coração velho e cansado,
Porque depois das lutas já vencidas,
Em tantas querelas no teu passado,
Se te cansas já ficas quase acabado,
Não queiras fazer já as despedidas.

Resfria esses teus desejos de amor,
Não procures mais o que perdeste,
Porque as paixões te causam suor,
E certas posições são fonte de dor,
Sossega, porque muito já fizeste.

Descansa coração nem desesperes,
Por ciúmes de ver outrem a gozar,
Sonha antes com os teus prazeres,
E se em teus sonhos tudo reviveres,
Gozas dormindo sem nada cansar.

Desiste, coração, de tuas aventuras,
Dorme mais que te faz bem dormir,
Já passou o teu tempo de loucuras,
Dorme e sonha com tantas ternuras,
Recorda que também te fará sorrir.

Manuel Mar.
®
Torres Novas,18/07/2016

 Foto: Net